segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O Jesus que o homem não quer

         
A pessoa de Jesus e seus ensinamentos  tem sido usados de maneira conveniente até o ponto em que as expectativas humanas são atendidas sob o aspecto material. A referência que temos sobre fazer o bem ao próximo está no ato de doar objetos ou coisas que venham nutrir ou satisfazer alguma necessidade humana. O ensinamento que Jesus nos passou quando perdoou a prostituta, que pela lei devia ser apedrejada, excede a justiça  dúbia e falível criada pelos homens, que se limita em sua esfera fugaz e contraditória. 

A libertação foi liberada pela ordem: "Você está perdoada, agora vá e não peques mais". O perdão só tem valor para o homem quando, ao ser perdoado arrepende-se, e deixa de praticar as coisas que o prejudica. Assim, alcançará misericórdia. 

     O Jesus que, naturalmente, se identifica com as pessoas, é o Jesus que perdoa os pecados, não o Jesus do "vai e não peques mais", pois essa ordem sugere ao homem abrir mão de práticas que satisfazem a si mesmo, e várias são elas; cada indivíduo tem o seu ponto fraco a trabalhar, como o que fez Zaqueu, o corrupto convertido, que se arrependeu da cobrança de impostos fraudulentos, prometendo devolver o que tinha defraudado quadruplicadamente; procuram separar o Jesus da multiplicação dos pães, do Jesus que convida o homem a "trabalhar pelo pão que permanece para a vida eterna"; querem o Jesus que cura a paralisia, mas rejeita o Jesus que manda que o paralítico ande, carregue a sua cama e siga em frente; os homens querem o Jesus bom pastor, mas rejeitam o seu jugo, ou seja, a sua guia pelo caminho da justiça.   

O homem quer o Jesus que dá o peixe, mas rejeita o Jesus que o convida a pescar; o Jesus que promove grande colheita, não o Jesus que ordena semear.   

   O Jesus que os homens não querem é aquele que repreendeu a Pedro no momento em que tentava defender seu mestre, cortando a orelha do soldado; os homens não querem o Jesus que ensina a dar a Deus o que é de Deus. 

  Na verdade, as práticas de Jesus, o Cristo, enquanto esteve com os homens, foram uma mostra de sua compaixão e misericórdia, mas também de alerta e exortação ao homem orientando-o para que  vivesse uma vida justa.  O que observamos é que, "Jesus" tem sido eleito pelos homens segundo suas próprias conveniências; o seu ato de amor e de bondade para com os pobres e desvalidos, tem se tornado discurso político, não o ato do amor genuíno que excede a todos os interesses terrenos. "O amor não é interesseiro" como já disse o Apóstolo Paulo. 

Jesus tem sido aceito até que seja confortável  aos desejos meramente humanos. O Jesus que orienta a praticar a justiça, a ser verdadeiro e honesto; a não explorar e enganar aos outros; a não cuidar de seus próprios interesses e os reinos deste mundo, é o Jesus rejeitado por essa geração em trevas. 

Que Jesus queremos seguir? Que Jesus estamos escolhendo? Observando seus ensinos em sua totalidade entendemos que sua proposta é para além desta vida. Ele mostrou que os nossos desejos e necessidades neste mundo são passageiros e muitos desses desejos surgem pelas preocupações com o amanhã, desviando sua atenção para as coisas eternas.
Jesus representa o princípio da mudança de rumo da humanidade, aqui, e para sempre. 

Elias Teixeira MTb 00768-RJ

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