terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O Cristão e a Política

            "Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo".  Nessa exortação do Apóstolo pode estar o grande segredo de como os seguidores de Cristo devem se comportar em relação a suas atitudes políticas e de relacionamento em seus grupos. 
Aprendemos que política é a arte de administrar bem. Ao levarmos em consideração esse conceito, sob o ponto de vista lógico, a política que se faz no âmbito governamental não corresponde a sua real descrição. A boa liderança, sob o conceito de "administrar bem", não deve ser partidarista, aquela em que se defende grupos e ideologias distintas desconsiderando o coletivo, criando divisões; o partidarismo leva a exaltação de líderes e governantes, dando a eles a legitimidade da representação desses interesses facciosos. O partidarismo, ao mesmo tempo que exalta a uns, desconsidera a outros. Exemplo disso foi o que o Apóstolo Paulo orientou em Filipenses 2:3.

           Na verdade, fazer política sem partidarismo parece não ser vantajoso quando se pretende exaltar os feitos de determinado partido ou grupo representativo. Isso supõe que,  agir com partidarismo,  dificilmente levará em conta a honra, reconhecer e considerar os outros, pois para a exaltação própria, é preciso desconstruir uma imagem para que outra seja apresentada como a ideal. Isso leva a contendas e perturbações sociais. 

           Quando tomamos partido, como cidadãos, acabamos por fazer parte e admitir filosofias e práticas do grupo e de seus líderes. Como cristãos, devemos deixar fluir de nós o conhecimento proveniente dos conceitos de Cristo. 

         
Não é raro observar que muitos tentam rebaixar Cristo à política praticada pelos homens para justificar suas defesas ideológicas. Apesar de ter sido representante do homem, sendo homem, quando aqui esteve, Jesus não compactuou com interesses partidários dos homens, mesmo que travestidos de espiritualidade e demonstrando aparente zelo por suas crenças, mas que, no fundo, almejavam manter o domínio sobre grupos de pessoas. Cristo foi, ao contrário, um libertador. Libertador de consciências daqueles que viviam sob o jugo dos interesses humanos. O objetivo de Jesus não era cativar pessoas para mantê-las presas à Ele , mas para deixá-las livres. Ao ao multiplicar os pães e alimentar aos famintos, falava-lhes do pão que saciava para a eternidade e que se comessem daquele pão, nunca mais teriam fome. A política partidária, ao contrário, leva os homens a depender de outros homens; a aclamar por alguém que resolva os seus problemas, enquanto que a filosofia de Cristo ensina como o homem pode realizar uma grande pescaria; como vencer e prosperar na vida sem nenhum intermediário humano com o ensinamento da  "parábola dos dez talentos". 

Jesus não tomou partido das confusões políticas dos homens; Ele não tinha lado, e em suas intervenções de amor aos oprimidos trazia lições para oprimidos e opressores; para acusados e acusadores; seu ensinamento levava cada pessoa a olhar para si mesma e sua condição, para que reconhecesse o que havia de errado em si para corrigir. Foi assim o encontro de Zaqueu com Jesus, aquele "grande corrupto" e cobrador de impostos ilegais. Ele sabia, certamente, que o que fazia era um ato desonesto. Jesus não aprovou a corrupção de Zaqueu ao visitá-lo em sua própria casa; por seu caráter, nem o acusou, mas diante de Cristo, Zaqueu se converteu de seus maus caminhos, prometendo devolver o que havia defraudado. A procura de Zaqueu por Jesus, ao subir naquela árvore, já era um indício de que seu coração estava arrependido. 

Se não podemos ser como Cristo, um agente que leva o homem corrupto a se arrepender, antes defendendo sua corrupção usando o pretexto de que todos erram, estaremos agindo como compactuantes tomando partido de seus atos errôneos voluntários, principalmente se exercemos algum poder de influência sobre os outros. Ter a mente de Cristo é estar à parte disso. E isso não é tomar partido. 

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