sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Distribuindo riquezas

            
Quando ouço discurso político de distribuição de riquezas, também penso de que maneira isso pode ser algo real ou apenas um discurso populista para despertar uma falsa esperança naqueles que esperam que assim aconteça. Por outro lado, surge um questionamento: como politicamente alguém teria o poder de "distribuir" aquilo que pertence a uma nação, senão com objetivos particulares voltados para um projeto perpétuo de poder?

Se entendemos que a riqueza é produzida pelo país como um todo, portanto, não pertence a um governante, como legitimamente alguém poderia "distribuí-la" de maneira justa, imparcial, ao mesmo tempo respeitando o que é público e o que é privado? 

    É um discurso perigoso pois, na realidade, quem afirma que distribuirá riqueza entende que a riqueza pertence a si, e por isso pode transferi-la, não de acordo com as necessidades de quem as recebe, mas segundo seus planos de ação. 

    Mas a quem pertence as riquezas de um país, a não ser a seu povo? Fazer com que os menos favorecidos tenham acesso a essas "riquezas" jamais poderia ocorrer sob o viés político ideológico, pois a partir desse ponto, iniciaria-se uma luta entre uns e outros, atropelando-se e acotovelando-se para aliar-se aos defensores dessa ideologia e, assim, garantir acesso exclusivo, como se o objeto partilhado fosse de propriedade particular. 

   Já tive oportunidade, em um momento de minha vida, de alimentar galinhas todos os dias pela manhã. As aves se acostumaram comigo e, sempre que eu me aproximava da porta de onde elas estavam, corriam todas em minha direção sabendo que eu as alimentaria. Os pintinhos que passavam pelas aberturas menores chegavam até os meus pés, bicando meus dedos. Quando eu abria a porta para as galinhas saírem, elas me acompanhavam, pois eu tinha nas mãos o que elas queriam. Então, eu jogava o milho para a esquerda, elas corriam para lá; jogava para a direita e, do mesmo modo, elas iam em direção à comida. Na verdade, eu as tinha sob o meu controle exatamente por ter em mãos o que elas queriam. 

    O problema da distribuição não reside na distribuição propriamente dita, mas nos interesses de quem pretende distribui-la. 

Por outro lado, administrar no sentido de garantir o acesso aplainando o caminho, é bem diferente de carregar nas costas e, assim, tornar-se necessário pela "dívida" gratidão. 

Mas ainda existem aqueles que colocam prego pelo caminho para furar os pneus dos carros, porque são sócios da borracharia da beira da estrada. Não há nada mais lucrativo para os maus intencionados que provocar o caos para fortalecer suas ideias e beneficiarem-se delas. Observe se aqueles que lhe dão o alimento tem o único interesse de levar você para onde querem. Não observe apenas o alimento, mas preste atenção em suas mãos; tente perceber o que está por trás de suas palavras e o que seu rosto esconde. Se isso é algo quase impossível, desconfie. O que é bom para você, nesse sentido, é preciso ser bom para todos. 

Senão, não passa de jogada política que usa sempre os mais fracos para se fortalecer.  



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