quarta-feira, 11 de abril de 2018

Operação Lava Alma

O suborno, a mentira, a corrupção estão sempre ligadas à ilegalidade. “Andar na lei” livra o ser humano de uma série de problemas. 

Lembro-me quando trabalhei em feira livre ainda na adolescência, das vezes que um fiscal da prefeitura ia cobrar “propina” dos feirantes que não tinham licença para trabalhar ou estavam com alguma outra irregularidade. Nesse caso, a corrupção acontecia em uma via de mão dupla. Tanto o fiscal, cobrador de propina, quanto o feirante devedor de tributos ou falta de alvará da prefeitura agiam na ilegalidade. A diferença era que, aquele que cobrava propina representava o governo municipal; ele tinha o poder oficial para aplicar multas ou orientar os feirantes sobre a regularização, mas preferia ganhar dinheiro ilegalmente.  
Esse é só um exemplo simples de como o suborno, a propina, o achaque, fazem parte de uma cultura que muitos adotam para não cumprir a lei e os trâmites legais para o exercício de uma atividade empreendedora. É o tal “jeitinho” do  qual muitos se utilizam para conseguirem o que querem ou precisam sem submeter-se à burocracia, o passo a passo que a lei prevê. 

Mas andar em conformidade com a lei é, sem dúvida, uma proteção contra a corrupção em via de mão dupla. 

Por um lado, a burocracia que existe no sentido de dificultar a fraude, acaba abrindo brechas para a fraude por meio de uma criatividade desonesta. Algumas dificuldades são colocadas de maneira objetiva para o interessado concretizar seus objetivos legalmente, mas o vício da propina torna-se o caminho mais fácil. Mas a corrupção está presente tanto do lado que tem o poder de conceder benefícios ou licenças, quanto daqueles que recorrem a meios ilícitos para alcançar seus objetivos. Mas o poder maior é de quem detém a chave, a autoridade sobre a coisa ou objeto da causa. Não abrir exceções ou criar uma via paralela para que a lei seja a mesma para todos é dever de quem deve zelar por ela. 
A Bíblia mostra a corrupção, a mentira e o engano como algo histórico em todas as gerações. Para receber a “bênção” do pai, já idoso e cego, Jacó se passou pelo irmão mais velho que teria a bênção por direito. Esse foi o problema mais grave depois de Jacó ter persuadido seu irmão Esaú a vender a ele sua primogenitura, oferecendo-lhe um prato de lentilhas em troca. 

Ananias e Safira, membros da Igreja Primitiva em Jerusalém tentaram enganar o Espírito Santo ao reterem parte do que seria destinado à Igreja, dizendo, enganosamente, que teriam ofertado;

Zaqueu era um funcionário público arrecadador de impostos e tinha a fama de achacador. Ele não era seguidor de Jesus, mas conhecia de longe sua fama. E, ao encontrar-se com Cristo que foi visitá-lo em sua casa, Zaqueu passou por uma transformação ao decidir seguir o Mestre. Assim ele prometeu devolver quatro vezes mais o que tinha defraudado da população. 

A maior e mais eficiente operação que o ser humano pode passar é pela operação “Lava Alma” que não se limita ao pagamento da culpa através das leis que foram feitas para regular as ações humanas e ser a norma do juízo, mas ter a “alma lavada” pela purificação que a graça e o amor de Cristo trazem ao ser humano que o leva à conversão, a mudança de rumo.

“Aquele que roubava, já não rouba mais; aquele que furtava, já não furta mais; aquele que mentia, não mente mais”. 

Já não discutimos mais lei, costume, jurisprudência e doutrina, mas sim, como nos deparamos com o bem e o mal no tribunal da própria consciência. Passamos a julgar nossas próprias motivações que nos impelem à prática daquilo que imaginamos ser justo e o que há por trás do motivo que nos leva a atirar a primeira pedra ou a recolher-nos dos protestos. A verdadeira justiça se estabelece pela aceitação de suas normas para que tenhamos paz de espírito.  

A graça de Cristo dá um sentido mais profundo à condenação da lei, pois nos submete à própria consciência. Apenas a condenação da lei não purifica a alma humana nem pode regenerar suas tendências errôneas. Pela graça de Cristo, é que nos arrependemos para continuar não como antes, mas com um novo olhar e uma nova perspectiva de vida. 

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